As letras parecem está brincando de esconde -esconde comigo. Já imagino-as elas com as mãos sobre o rosto e a cabeça encostada na parede, batendo cara, e contando: um, dois, três...
Então saio correndo procurando um lugar para me esconder, onde elas não possam me encontrar.
Só que nesse caso quem bateu cara fui eu, porque parece que estou no ermo, e não consigo achar nenhuma das letras, as vogais, as consoantes sumiram, nem os acentos eu consigo encontrar.
Não devem estar muito longe, porque escuto um burburinho, devem está rindo de mim. Começo a ficar desesperado, então me pego gritando:
- Apareçam, apareçam, apareçam...
E nada delas, agora pressinto rirem mais, por causa da minha falta de paciência. Resolvo sentar em um canto qualquer, escondo o rosto nas minhas mãos pequenas.
Agora imagino-as tocadas, e aquela carinha de que não queriam ter feito, o que fizeram, pelo meu gesto de desistência. Elas começaram a formar palavras, e mais palavras:
- Desculpa, só queríamos brincar um pouco, a gente quase não se diverte, a todo momento somos chamadas a formar palavras, orações, frases, parágrafos, textos: livros, diários, revistas, jornais... tudo atrás da gente.
Então me levanto e dou uma gargalhada, elas entendem que eu também estava brincando, e começaram a formar várias palavras para brincarmos: balanço, bola, música, pula-pula, palhaço...
Foi uma experiência muito emocionante, diferente e divertida.